and so it goes..

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Começar de novo


Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Ter me rebelado, ter me debatido
Ter me machucado, ter sobrevivido
Ter virado a mesa, ter me conhecido
Ter virado o barco, ter me socorrido

Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Sem as tuas garras sempre tão seguras
Sem o teu fantasma, sem tua moldura
Sem tuas escoras, sem o teu domínio
Sem tuas esporas, sem o teu fascínio

Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena já ter te esquecido

sábado, 25 de dezembro de 2010



O que significa amar verdadeiramente outra pessoa?


Havia um tempo na minha vida em que eu pensava realmente que sabia a resposta: significava que eu me importava com Savannah mais profundamente do que eu me importava comigo mesmo e que nós iríamos passar o resto das nossas vidas juntos. Não teria sido preciso muito. Uma vez que ela me contou que a chave para a felicidade era sonhos alcançáveis e que os dela não eram nada fora do comum. (...) Mas não importa o que estivesse acontecendo nas nossas vidas, eu podia me imaginar ao lado dela na cama no fim do dia, abraçando-a enquanto nós conversávamos e ríamos, perdidos nos braços um do outro.


(Querido John - Nicholas Sparks)

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010



Lábios perdidos, navios afundados. Estou me adaptando com o que você disse. Não, não é coisa da minha cabeça, não posso acordar morta dia após dia.
Meus olhos estão fechados, rezando para não se perderem, e nós não nos sentimos mais atraídos. Isso é o que faz a diferença hoje.
Estou sem paciência, tá bom? Me deixe fora da sua lista, faça daquele o último beijo, eu vou embora agora. Eu vou e não volto. Com o tempo nós esqueceremos. Vamos fingir que nunca nos conhecemos.
Dane-se se eu gostava do teu sabor, de qualquer maneira, eu te escolhi e já foi tudo gasto. Esgotou.
É Natal e eu vou sair e achar outro como você.



LIOhopeVyouEblowUaway.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010


Meu coração e eu fizemos um voto desde o início, e um voto do meu coração eu nunca quebro. 
Épocas vêm e vão, mas eu sei, através de cada tempo e espaço, que meu amor sempre permanecerá. Eterno e contínuo. 
Do fundo do meu coração, eu te amo. Posso dizer estas palavras para você sem exitar. Se você se perguntar por quanto tempo eu te amarei. Tente pra sempre. Porque é o tempo que eu me sentirei assim. Não tenho dúvidas quanto à isso.
Eu e meu coração temos uma promessa das estrelas, que elas manteriam esse amor ardente. Incessantemente.
Pessoa virão, assim como pessoas irão, mas sei que por mais que eu tenha vida em estoque, por toda a eternidade você terá meu amor. Para sempre.
Sim, para sempre é o quanto meu amor permanecerá. 
Para sempre é um longo, longo, longo tempo. Mas e daí? 

Someday we'll know
Why I wasn't meant for you.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010


Eu tenho um sonho

Uma fantasia
Para me ajudar através
da realidade
E o meu destino
Faz isso valer a pena, enquanto
está me empurrando para a escuridão,
Ainda há outras milhas...

Eu acredito em anjos
Em algo bom em
tudo que eu vejo
Eu acredito em anjos
Quando eu sei que o tempo
está certo para mim.



quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

So I come and go...


The love you want
Will make you heart feel cold
You think you've got it
But all you've got is a hole in his chest.

Inside your heart
The truth is there to be told
So try to stop
Stop breaking hearts
Stop hurting souls.


Your presence is not something that I miss.
LIE

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Never forget: Ich liebe ditch



Vou com a esperança de que talvez exista um lugar melhor me esperando, um lugar onde eu possa recomeçar. Não tenho mais tempo pra pensar nisso. Amadureço com a cabeça, mas continuo sua de coração. Não que eu não saiba separar, talvez eu ache também que isso foge dos princípios de amadurecimento, daquele papo todo de desapego, coisa e tal. Eu nunca fui nada sua. Nunca precisei de rótulo algum: namorada, amante, rolinho... Eu nunca quis ser nada disso. Sou sua e quem sabe disso sou eu.
Diga: "fica Louise, fica". Mais nenhuma palavra e eu fico. Só por você eu ficaria num lugar em que não me encontro. Em canto algum vejo um jeito de ser feliz se não for ao seu lado. Estou dramatizando a coisa, até pode ser... Mas quero que você saiba, menino, que você me conquistou daquela primeira vez que segurou a minha mão... Naquela vez que as minhas mãozinhas miúdas se perderam em meio as suas. Eu já até sabia que estava presa naquilo quer eu quisesse ou não. Naquele instante, alguma coisa me dopou de maneira irresistível . 
Vou-me embora e deixo pra trás o seu caminho livre pra você ser o que quiser. Quem sou eu pra querer ficar tanto aqui como no seu caminho? Desculpa, desculpa se sou fraca e você já estava com a sua armadura vestida desde o início. Eu só arrumei um jeito de vestir a minha agora.
Vou-me embora, mas quero deixar escrito porque tem coisas que só soam bem quando ficam entre a letra maiúscula e o ponto final. 
Vou-me embora, mas amo você.


O apego não quer ir embora, diaxo, ele tem que querer.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Triz.


Eu quase consegui abraçar alguém semana passada. Por um milésimo de segundo eu fechei os olhos e senti meu peito esvaziado de você. Foi realmente quase. Acho que estou andando pra frente.
Ontem ri tanto no jantar, tanto que quase fui feliz de novo. Ouvi uma história muito engraçada sobre uma diretora de criação maluca que fez os funcionários irem trabalhar de pijama. Mas aí lembrei, no meio da minha gargalhada, como eu queria contar essa história para você. E fiquei triste de novo.
Hoje uma pessoa disse que está apaixonada por mim. Quem diria? Alguém gosta de mim. E o mais louco de tudo nem é isso. O mais louco de tudo é que eu também acho que gosto dele. Quase consigo me animar com essa história, mas me animar ou gostar de alguém me lembra você. E fico triste novamente.
Eu achei que quando passasse o tempo, eu achei que quando eu finalmente te visse tão livre, tão forte e tão indiferente, eu achei que quando eu sentisse o fim, eu achei que passaria. Não passa nunca, mas quase passa todos os dias.
Chorar deixou de ser uma necessidade e virou apenas uma iminência. Sofrer deixou de ser algo maior do que eu e passou a ser um pontinho ali, no mesmo lugar, incomodando a cada segundo, me lembrando o tempo todo que aquele pontinho é um resto, um quase não pontinho.
Você, que já foi tudo e mais um pouco, é agora um quase. Um quase que não me deixa ser inteira em nada, plena em nada, tranqüila em nada, feliz em nada.
Todos os dias eu quase te ligo, eu quase consigo ser leve e te dizer: “Ei, não quer conhecer minha casa nova?” Eu quase consigo te tratar como nada. Mas aí quase desisto de tudo, quase ignoro tudo, quase consigo, sem nenhuma ansiedade, terminar o dia tendo a certeza de que é só mais um dia com um restinho de quase e que um restinho de quase, uma hora, se Deus quiser, vira nada. Mas não vira nada nunca.
Eu quase consegui te amar exatamente como você era, quase. E é justamente por eu nunca ter sido inteira pra você que meu fim de amor também não consegue ser inteiro.
Eu quase não te amo mais, eu quase não te odeio, eu quase não odeio aquela foto com aquelas garotas, eu quase não morro com a sua presença, eu quase não escrevo esse texto.
O problema é que todo o resto de mim que sobra, tirando o que quase sou, não sei quem é.

(Tati Bernardi) 

domingo, 12 de dezembro de 2010


Eu abro todas as janelas da casa
Eu deixo o sol iluminar o caminho
Eu deixo a lua fazer sombra na sala
E o vento bagunçar meu destino

Eu vejo o teu fantasma dentro do quarto
Acendo a luz pra que você vá embora
Te exorciso enquanto eu calço os sapatos
Vou sair e te tirar da memória

Eu não acredito em você hei hei hei no way no way
Eu não acredito em você hei hei hei no way no way

Eu perco o sono mas não perco o juízo
Eu me mudei pro andar mais alto do mundo
Eu posso ver toda cidade lá fora
Aqui dentro eu mudo sempre de assunto

Eu pendurei os quadros pela parede
Nada que lembre o teu sorriso absurdo
Mas quando eu vejo o teu olhar nos meus sonhos
Eu me encontro e me esqueço de tudo

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Confesso.



Se é questão de confessar: não sei preparar café e não jogo video game. Creio que alguma vez fui infiel, até campo-minado jogo mal e jamais vais me ver sem um lápis no olho, um batom nos lábios. Não durmo antes das dez e quando chego da noite não tiro a maquiagem. E para ser mais franca, ninguém pensa em você como eu, ainda que para você dê no mesmo. 
A verdade é que também choro uma vez por mês, principalmente quando chove. Faz um tremendo frio aqui no meu peito.
Comigo nada é fácil, você me conhece. E se não estás por perto, tudo é chato. Quem me conhece já está cansado de ver, e cada dia que passa é um mais parecido a ontem. Por mais que eu me esforce e lute contra essa vontade imensa e incontrolável que é pensar em você, não encontro uma forma de te esquecer. Seguir te amando é inevitável. 
Sempre soube que é melhor quando se tem que falar de dois, começar por si mesmo. Você já conhece a minha situação, aqui dentro está cada vez pior. Cada vez mais doído. Mais escuro. Mais escasso. Pelo menos ainda respiro.
Não precisa dizer nada, teu silêncio contém todas as síladas do meu entendimento. Não vais voltar, te conheço como a palma da minha mão. Já procurei o que fazer comigo, é só por em prática todos meus planos e desejos. Só não pense que ainda me tens. O tempo passa, o tempo é rei.  E por mais que eu tenha uma vontade tamanha de sair daqui correndo e me aconchegar no calor dos teus braços, recuo. Acho mais digno eu levar a vida nesse nublado todo, sabendo que mais cedo ou mais tarde abre o sol, do que viver uma ilusão de um dia perfeito que eu sei que não é real. Que por trás dessa máscara há um terrível tsunami acabando de vez com a minha vida. Chega, né. Everything in my past I wanna let it go and everything that used to matter don't matter no more.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Fiel às minhas vontades.



Eu sou fiel... Fiel demais às minhas vontades, aos meus desejos... Eu mergulho nas coisas da vida com vontade. Vivo os momentos, corro atrás das coisas que eu quero. Me jogo... Melhor me arrepender pelo que fiz do que pelo que deixei de fazer...
Quando o tempo passar, vou sentir muita falta do que não fiz. Seja por medo ou por qualquer outro impecilho posto por mim, apenas.
Sou uma pessoa totalmente ativa, que corre atrás, e faz tudo com vontade. Com tamanha intensidade!



Vou deixar rolar sem querer saber do fim.



(Camila, amei o vídeo que me mandaste. Me emocionei mesmo. Lindo!)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

The more I get, the more I want.

Want to but I can't help it. I love the way it feels. Just got me stuck between my fantasy and what is real.
I need it when I want it, I want it when I don't. Tell myself I'll stop every day knowing that I won't. I got a problem and I don't know what to do about it. Even if I did I don't know if I would quit but I doubt it, I'm taken by the thought of it.

And I know this much is true. Guy, you have become my addiction. I'm so strung out on you. I can barely move but I like it. Think of it every second. I can't get nothing done, only concern is the next time. Know I should stay away from 'cause it's no good for me. I try and try but my obsession won't let me leave.

FAIL

domingo, 5 de dezembro de 2010


"Não sentia mais sua ausência porque eu também era ausência." 

(Caio Fernando Abreu)

sábado, 4 de dezembro de 2010

Uma dose de paz.


Tô aprendendo a lutar contra as emoções de engano
Não choro mais com tanta facilidade e já ganho
Não sofro mais com a maldade que anda rodeando
Tenho alguém em quem confio e eu tô confiando
Quem tem respeito tem, e quem não tem tá panguando
Quem tá comigo tá, e quem não tá tô nem ligando.

Meu coração é orquídea que abre de vez em quando, pra curar machucado ou pra amar quem eu amo.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Saudações a quem tem coragem.



Quando a gente quer, a gente consegue. Hoje, disposta a deixar tudo pra lá e recomeçar minha vida. Assim, do zero mesmo. Sinto um feeling muito bom around me.
Cada oportunidade perdida por questões de preferência ou cegueira mesmo, às vezes pode não ter volta. Mas Deus sabe o que faz. Põe sempre o certo e enche de luz o caminho de quem tem coragem. Coragem pra vencer o desafio que for. 
Boto fé. Boto fé de que tudo almejado há de vir. Mas sem pressa. Tudo vem na sua hora, just let it flow. Está certo que muitas vezes eu quero mesmo é atropelar as coisas e ir direto ao "x" da questão. Mas nunca esqueço: A pressa é inimiga da perfeição. O que é meu está guardado. E não há quem possa mudar isso. Não admito!
Quem já passou por poucas e boas merece um "presentinho" sometimes. Não é justo só dor e sofrimento e choros e noites inteiras de sono perdidas. Eu mereço. Eu sei. Não quero fantasiar outra vez. Me dopar em ilusões. Mas com a coragem que eu tenho junto com minha boa vontade e querer, meu futuro vai ser brilhante. Brilhante e forte como os raios de sol desse quase verão. Eu vejo. Eu sinto. E será. 


Tudo o que eu tenho eu conquistei na raça.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010



Ando tão sem chão. Sem rumo. Sem vida. Pra todo lado que olho uma imagem toma conta da minha visão. E olha, não é por falta de vontade que eu não consigo tirar da minha cabeça de uma vez por todas. Já tentei. Inúmeras vezes e ele nem ideia faz. Nem do quão difícil é. 
Cada final de semana, cada lugar que o vejo, sozinho ou acompanhado de alguma de suas inúmeras namoradinhas, me dói. E só ele não tem noção do que é aguentar de cabeça erguida e ter que sorrir (mesmo que por dentro esteja afogada em lágrimas). Demonstrando que não estou nem aí. Até a hora que ele vem até a mim e me abraça e me beija num cumprimento medíocre, me chamando de "minha loira". NÃO.
Isso que é o pior. O diabo alimenta uma ilusão que atingiu proporções que não cabem mais em mim. Pra ele tanto faz, como tanto fez. A qualquer hora da noite ou do dia estou a sua disposição. E o que eu mais lamento é que ele sabe disso e usa a seu favor. 
Eu to cansada. Quero alguém que faça eu me sentir amada. Que faça com que eu esteja entre umas das suas três necessidades ou seja a primeira, não só quando lhe convém.
Olha, não é por falta de opção que eu continuo nesse leva e traz. Tenho forças sim para conseguir deixar de lado, mas ele sabe me ganhar. Ódio. 
Me faço de louca, não procuro e finjo estar com outra pessoa. Só me engano. E é assim que eu vou levando. Me enganando desse jeito. Um jeito que é mais saudável do que o jeito dele de me enganar. Me chamando de "amor", "minha loira" e etc. Fazendo promessas que não pode cumprir e me procurando raramente. Eu disse: R A R A M E N T E. Porque se não sou eu a abrir janelinha no Msn, ou mandar alguma Message no Twitter, ele nem a horas. E quando consigo me segurar e fico quase uma semana sem procurar, ele aparece. Ou então eu não me aguento e vou atrás. E o que ele diz? "Tu abandona o cara". PORRA!?
Não sei por quê, mas gosto. Simples assim. Torço, rezo e faço promessas para que os bons ventos me ajudem e me levem a libertação dessa lástima que é sentir amor por alguém assim, tão sem coração. EU VOU CONSEGUIR. Eu quase consegui.


Hell to my head

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010


Me corrói as entranhas cogitar a hipótese de que talvez jamais tenha, de fato, existido aquilo que tenho procurado. Mas então o que é a verdade, se não tudo aquilo em que acreditamos com todas as nossas forças, até o fatídico momento em que não cremos mais? É difícil manter os pés no chão enquanto a mente voa. Talvez o que me compete seja justamente diagnosticar a completa inexistência do romance ou constatar que trata-se de um bobo conceito hipotético. Uma ideia que nos inspira, que nos motiva, que nos estufa o peito através de um brusco sopro do mais puro nada. Uma isca que nós, mesmo após fisgados sucessivas vezes, seguimos mordendo, constantemente e com convicção. E eu mordi mil vezes e vou morder outras duas mil, justamente por acreditar na ínfima chance de – somente por uma vez – aquilo tudo não ser uma mentira.


"Vou te esquecer só pra lembrar."

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Céu Incerto

Pra não me perder não faço nada
Não levo essa vida pra me preocupar 
A vida que me leva 
Faz sorrir, faz chorar 
E muitas vezes eu não sei voltar

É isso que não dá pra entender
E isso pelo menos eu entendo
Se faz sol ou está chovendo ainda não deu pra saber

Eu sei que existe um outro lado
Procuro me achar num lado que é só meu
Que eu possa me esconder
Se meu destino desviar do seu
Que eu possa me esconder 
E aceitar que quem perdeu foi eu

Queria saber se tem saída
Pra fazer valer a pena essa vida
Eu sumo, até queria ficar
Assumo: já não consigo me achar


How I can decide what's right when you're clouding up my mind?

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Não.

Não segure minha mão, se você não me reerguer quando eu cair no mundo. Não me pegue em casa, se você não quiser aderir à rota inconstante da minha rotina. Não elogie meu cabelo, se você toca tantos outros por aí, e muito menos meu bom gosto ao vestir, se você não souber valorizá-lo com a devida honra. Não ligue para saber se cheguei bem, se quando você chega em casa, recebe ligações de outras vozes femininas. Não me chame de linda, se você costuma pegar coisa pior por aí. E muito menos de querida, se você não me estimar realmente como algo a mais que amiga sua. Não construa planos, quando o que você quer é viver com seus amigos, e nem plante sonhos em meu jardim, se você não pretender regá-lo com freqüência. Não me apresente como amiga, se acordo ao teu lado em manhãs cinzentas. Não projete em mim todos os seus medos irreais, caso você não queira realmente saber das minhas fraquezas, dependências, e defeitos. Não me ofereça seu casaco, se sua intenção não for a de me aquecer toda por dentro. Não suma repentinamente, se não quiser ser riscado por completo do meu enredo. Não me convide para viajar para a praia, se você não mantém nem ao menos a promessa de me levar para jantar. Não tire meu sossego, se não é você quem irá me devolvê-lo mais tarde quando preciso, e não mostre ser o máximo, se tudo que você puder me dar de si, é o mínimo. Não adianta de nada essa sua altura, se você faz questão de jogar baixo, e nem usar o melhor perfume do mundo, se é só o cheiro e na verdade você também joga sujo. Não trague seu cigarro perto de mim, se suas verdades inventadas são todas intragáveis. Não se faça de vítima, se quem está no alvo do tiro, na verdade, sou eu. Não me coloque em pedestal nenhum, se sua pretensão não é de me alcançar e salvar a vida, qualquer dia. Não faça bater mais forte meu coração, se quando perto do enfarte, você não construir a ponte safenada capaz de me livrar da loucura e da enfermidade. Não jure amor eterno, se sua eternidade for somente até amanhã. Não me chame de princesa, se quando você for coroado rei, outra rainha for sentar-se ao seu lado. Não me dê flores, se sua vontade, assim como a das plantas, também murchar. Não abra a porta do seu carro, se você não estiver ali de pé, em frente à mim, de coração aberto. Não me mande cartas, se você nem ao menos tem interesse em saber onde eu moro. Não me furte o fôlego, se não for para continuar me beijando. Não saque minhas roupas, se você não quiser também despir meus sonhos e aspirações. Não demonstre todo um sentimento, se quando com seus amigos e família, ele não parece existe. E não seque minhas lágrimas, se algum dia você também as fizer correr pelo meu rosto. Não.

(Camila Paier)


Mais uma vez a Camila me surpreendendo com seus textos. Perfeito!



Only love can be both heaven and hell

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Regrada.

Pouco importa se você ainda existe. Na verdade, é isso que eu tenho que dizer, e tentar acreditar a todo custo. Parte de um discurso que não sei se me pertence, mas pedem que decore. Luz, câmera, inanição: fraquejo. Enfraqueço para me fortalecer. Onde antes eu era pura ação, e zero mobilidade, hoje vejo meu pequeno crescimento em conseguir me controlar, e deixar de agir para que comigo ajam.
Melhor não ter um colapso se sei que alguma amiga te viu almoçando em teu lugar predileto, muito menos pensar longe quando ver no estádio de futebol lotado qualquer cara com o seu nome estampado atrás da camiseta - são tantos; ou pior, teu mesmo apelido. Nem fantasiar ao ver um carro idêntico ao seu, nas ruas aguardentes da metrópole, e que você poderia me salvar dos coletivos encharcados de gente me transportando quem sabe pro céu, na sua loucura automotiva (ou mesmo pro seu apartamento).
O que têm me ensinado as pessoas de bom senso muito maior que esse meu, fragilmente indecente, é que foda-se. Que se dane esse seu arrependimento que talvez nem exista. Toca todos esses sinais na fogueira, e deixa queimar, que agora você tem o poder da sua vida nas mãos, e o futuro é logo ali em frente, à direita depois da rotatória. Nada de sentar no meu barzinho irlandês e olhar pro outro lado da rua, na esperança fracassada de tentar ver você com seus comparsas, despreocupados. Deu de bancar a fênix pra cair no fundo do poço, e renascer surpreendendo à todos que desatentos estão. Foge desses amigos em comum que insistem em te fazer perguntas de como ele está, se nem ao menos você sabe. Deixa de ficar olhando todos esses horóscopos que te dizem pra seguir o coração, e não ligar pra opinião alheia. O mais surpreendente nisso tudo? Liguei pro foda-se e deu ocupado.
(Camila Paier)


Incrível, mas ela descreve direitinho o que eu sinto, o que eu passo, o que eu penso.. Ela é demais!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Retrato

Quem falou que ia ser fácil? Que desencadear todos os processos disso que me queima, e em mim lateja, demoraria tanto? Ando pela cidade demente, cabeça baixa, passos largos. Tem sido difícil, rude. Sem vontade alguma de olhar pra frente, e encarar novos rostos, buscar na multidão algum reconhecimento. De óculos escuros, giant sunglasses - escondendo meus olhos detalhistas, minhas olheiras profundas em insônia, minha desvantagem em estar viva e não saber como aproveitar toda essa energia de gente ativa e sanguínea. Ao menos, consciência limpa. Leveza, sensação antiga de dever cumprido, parte feita. E ainda assim, desinteressada. Desiludida, de bode com a vida. Vontade inexata de implodir tudo, e reconstruir o mundo, seus valores, algumas vidas - com certeza, começando pela minha própria, definhada entre uma rotina que existe, mas não me surpreende. Um pouco decepcionada com os caminhos que escolhi, com o que a vida me ofertou, com o que disponho em mãos. Sou sempre eu agora, lutando contra a semana, pra que passe logo e eu possa ficar assim à sós comigo mesma, fugindo dos cliques das fichas que caem, máquinas que se movem. Baixando o som do que me tem me afugentado da vida, pelo lado avesso; aqui por dentro, quebra-cabeça interno. Tento me entreter ao máximo com superficialidades, passeios em família, novas roupas, futilidades desnutridas, risadas entre amigos. E sozinha, volto a me sentir avulsa e desnorteada. Estou triste por inteiro, e isso se reflete nos meus passos lentos, no meu olhar distante, na minha fala decadente. As pessoas captam essa meu aspecto cabisbaixo, meu pessimismo latejante, e em sua maioria, fogem. Além de não me deixar chorar, não chegam também perto, deixam de me abraçar apertado e quase solto a voz enlatada na garganta: nenhuma doença, quem sabe apenas uma gripe em desenvolvimento, porém digo que não estou doente de nada, que essa infelicidade não pega, e até vai se despedir qualquer dia, mas a maioria deles se debanda, e isso é o que me dá ainda mais força pra que queira ficar isolada e atravessar essa fossa como líder absoluta do meu próprio desvario.
Me pergunto então, no que ando errando tanto, papai do céu? Aonde é que se encobre a catástrofe que causei, pra que a sombra me seja marca d'água, esse bolero não volte a ser rumba? Injustiça, repito, nada justo ajudar, e não ouvir o que necessito, quando essencial. Dar amor, e receber de volta uma indiferença deslavada, um vazio completo de coisa boa alguma. Pedi tanto alguém pra gostar de mim, me cuidar, e fazer bem, um amor bom e real, e veio a divindade me brindar com um desafio inconstante, doloroso. Mais: pecaminoso, por vezes mordaz. Agora peço apenas o resgate da minha paz de espírito com recompensa de meu sorriso sincero, e o fim desses lamúrios todos. E que você afaste de perto de mim todos esses que não me fazem bem, e insistem em ficar. Que eu conecte a felicidade novamente, e não a deixe saturar. Pra que eu possa voltar a ver o mundo cor-de-rosa, e abandone o preto e branco de vez. E que eu levante o rosto, e olhe para os possíveis retratos que a vida tira de mim, e me retorna muito em seguida. Amém, e xis!

(Camila Paier)

domingo, 7 de novembro de 2010

Essa pressa futilmente preenchida.



- Eu só quero um par de sapatos vermelhos novos, um perfume novo e uma correntinha de ouro, pode ser só um L, ou meu nome. Só isso, e quantos sorrisos mais você quiser.
- Acho que tu deveria querer ser feliz, em primeiro lugar.
- Quero isso também, mas não dá pra comprar. O que o dinheiro paga são essas três coisas que andam me faltando, em futilidade. E podem me fazer feliz, quando no meu corpo.
- E amor, você esqueceu do amor, então? Achei que era primordial, amar e ser amada. E todo aquele cenário de contos infantis que você desenhava no ar.
- Não esqueci, só não sinto mais afeto nenhum. Não como antes. Temporariamente, fechei as portas.
- Como quando?
- Como eu nunca consegui em outras vezes.
- Eu te vejo mais complacente, engolindo a vida como quem come algo que detesta, mas não feliz. Depois tu fazes sempre aquela cara de quem come e tem náuseas, quer botar pra fora.
- Por isso, que eu reclame tanto, talvez. Tenho essa mania de querer gritar pro mundo o que tá errado, aquilo que não funciona. Mesmo que a minha voz não ultrapasse nem mesmo a janela do quarto.
- E olha que a sua voz é alta mesmo. Taí, verdade. Mas você não pode perder aquela coragem pueril de quem não pensava e agia. De quem ia sem medo nenhum, em frente, com o coração na mente, e nas mãos um celular.
- Assim era só pro que me tocava fundo. A quietude como resposta apenas pro que não me estremecia a base, não tirava do centro, não me dava suspiros vespertinos. É fogo ou frio, tu sabes.
- E agora, em que temperatura se encontra?
- Num verão que ainda nem nasceu. Querendo ser vanguardista, mesmo nem saber aonde isso dá. Se dá pé, dá fruto, ou planta dor. Mas quietinha e deixando o sol banhar com alguns raios aleatórios o corpo em biquíni, verão.
- Ainda é primavera.
- O mormaço também queima, meu bem.
- E o sapato vermelho, a corretinha dourada e o perfume, ainda são teus desejos destemidos? Tudo isso, pra quê? Desnecessário.
- Um sapato pra de um ângulo acima poder ver a vida, a correntinha pra ter algo valioso perto do peito e o perfume pra mudar de ares, já que nada acontece e as coisas não preenchem toda essa minha pressa desajeitada de abraçar o mundo.

(Texto adaptado de: Camila Paier)

sábado, 6 de novembro de 2010

Que ainda não passou.

Está aqui. Dentro, fundo e meio escondido, mas firme. Forte não, que por um fio se equilibra tudo isso há muito tempo. Mas fio esse, que talvez seja de cobre, ouro, metais nobres. Um fio que segura, e por onde a equilibrista dentro de mim se aventura. Mesmo você não sendo bêbado, e estando longe disso, é claro.
Descobri apenas à pouco, enquanto me esforçava em fazer careta ao ouvir teu nome, gritar pro mundo que você não existe mais na minha felicidade, concordar na sua idiotice calhorda e dançar loucamente à noite. Beijar aparentes príncipes, que não tinham nem de longe a tua malandragem, e eloqüência de sapo magnífico. Ajudei no que pude, compreendi emoções, tentei calar a minha boca grande, viver intensamenteFiz tudo o que me coubepara me livrar do sentimento nostálgico que é curar de vez esse vazio dolorido que me afinca o peito. Sanei tantas dúvidas, curei algumas questões incompreendidas, para esquecer aquilo que me inquietava por dentro. Cuidei dos outros, e me joguei num canto. E no final das contas, eu quem deveria encabeçar a minha lista em primeiro lugar, tirar todo e qualquer resquício seu, daqui. De mim.
Uma semana, e dois primeiros encontros. Saldo final? Nada que tenha me feito vibrar. Ou, pensar em substituir lembranças das nossas conversas sem fim, de algumas piadas internas, e o encaixe perfeito dos teus braços, sob a minha cintura. Não é tentando substituir que se esquece: só se lembra ainda mais. Em cada erro do outro, cada gafe, só se recorda mais e mais do quanto não era assim antes, com outro alguém. E isso dói. Comparar pessoas é mais ou menos como qualquer necessidade fisiológica: não é bonito, mas é inevitável. Não se pode fugir. Ainda não sei onde procurar alguém com o mesmo sorriso leve, e a maneira única de me olhar de frente, encarar com vontade. Eu tento, eu quase consegui, mas ao me colocar novamente em companhia-masculina-possível, titubeio. Vejo o banner do nosso filme, já na locadora, e quero morrer. Ouço a música que cantávamos juntos, animados e em descontração, e exito. Quase choro. E me faço brusca, fugitiva, e desinteressada: não dá. Se paro para refletir,me torno quieta - o que é raríssimo. Mesmo não sabendo o que fazer com tudo aqui dentro, que depois de tanto tempo, e muitos dias ainda me incomoda e tira meu sono, sou quase uma prisioneira: me tranquei nesse beco sem saída, nessa cela obscura, e é como se tivesse engolido a chave, sem volta. Precipitei situações, e te fiz ir longe; te vi ir indo, e perdi. Talvez pra sempre, quem sabe nunca mais. E todos me dizem que não valia a pena, que não vale e muito menos, valeria. Me pergunto íntima e por dentro, quando é que isso vai passar, que me aparecerá alguém à altura, que eu me pegarei apaixonada e feliz, como já fui? Rezo, e culpo alguns santos. Peço encarecidamente que Deus veja toda essa injustiça, e cubra o mundo com o que acredito. Saciada, medrosa e levada; vivendo, e fazendo acontecer. E mesmo assim, sentindo enormemente a falta nobre que é estar sem a sua presença ilustre.


(Texto adaptado de: Camila Paier)


Seria apenas mais uma história,se não tivesse tocado a alma.
(Caio F. Abreu)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O que é que te assombra?

Entrego-me inteiramente aos secretos impulsos dos meus dedos. Efeito da excitação de espírito em que me acho. Coração ligado, beat acelerado... Enfim, há um treco que eu queria entender. Não sei. E você acredita que a gente é o que a gente faz. Acaba indo pra cama ou se casa. Briga, se engana porque faz tudo no escuro, sem amar, me entende?

Eu nunca quero ter vergonha do que eu sou capaz de sentir. Quero passear de mãos dadas, brincar de pisar na nossa própria sombra. Café da manhã, almoço, jantar, ligações telefônicas no meio da tarde, no meio da noite. Sons, gostos, sabores. Teu sabor. O doce e o salgado em você. O tempo não existe.
Será amor o nome que damos pra essa necessidade doentia que se destrói? Será que a gente só sabe que ama quando o coração pulsa entre as pernas?

Quem ama não percebe o jeito que ama. Mas eu percebo que o coração pulsa entre as minhas pernas quando o amor já não cabe na frase. Quando eu descubro que o luar é o que existe de mais perfeito, só que depois, bem depois, muito depois de você.

O pensamento não pára.



my lover, my life 

E sobre tudo, ela se ama.

Assustada comigo mesma, estou calma. Complacente, harmoniosa. Sem pressa nenhuma, deixo que meus olhos se abram aos poucos para a realidade, desenvoltos da nuvem fantasiosa de pouco tempo atrás. Idealizações que criei abortadas, e agora passos lentos, como nunca me imaginei trilhando. Deixar que o destino atravesse seu caminho sem minha interferência inconveniente de questionadora, astuta e inquieta, é uma novidade. Até quando, não sei, mas reaprender a enxergar, caminhar e sentir tem me dado um alívio antes nunca descoberto. E eu permito que a vida se encarregue de deixar a felicidade entrar, com a porta sempre aberta a possíveis sorrisos e gargalhadas. Estado civil não garante alegria, e amizade é pra todo dia. Ser feliz comigo mesma é a companhia inusitada que senta no meu divã, e eu divago sem culpa nenhuma, entre o que foi, e que quero que venha. Com um sossego que me cala, e deixa consentir. Não abaixo a cabeça, mas a levanto cada vez mais: porque eu mereço, porque a vida é ao mesmo tempo esse minuto, e todo o amanhã, meses daqui também. E as possibilidades se ampliam a cada passo reformulado que a gente dá. Para a frente, e não para qualquer passado infortunado. Assim como navegar, inovar é ainda mais necessário. Dentro de mim, mudanças sutis se intercalam com estridentes descobertas. Se desordenam, camuflam e se unem. Teorias e confabulações que caem por terra, a cada nova experiência, pessoa conhecida, idéia trocada. Ideologias que mudam, sonhos que se permutam. Cada vez mais, a resposta que encontro é cuidar da pessoa que mais me ama nesse mundo. E uma certeza: ela está mais perto do que eu imaginava. Sentada agora nessa cama, deixando a mente tomar voz, e os dedos movimento, como sempre fez. E ela não prova mais nada para ninguém, porque ela sabe que se quiser conquistar esse mundo, nem munição nem força nela pecam em faltar. Se sabe um misto de santidade arcaica e novidade vanguardista. Ela é a contradição que sonhou pra si mesma, e vive tudo na mais aguda urgência; freneticamente. É completa em sua inocência, e simplista na mais ardilosa aventura que é atravessar os dias sem nenhuma vontade de sumir. Vitoriosa de suas dores, e uma fortaleza em conselhos bons, quando para os outros - que não vende, e nem os segue; distribui. Além do mais, é quem dignifica todo um sentimento, sem deixar que nem um pouco de amor não a atinja. E retribui, sempre. A cada novo sapato, corte de cabelo, ou elogio referido. Existe aqui dentro, e aprendeu a habitar também jardins floridos e avenidas desgovernadas; salas de aula superlotadas, entrevistas de emprego, e noite ativamente vazias de conhecimento e cultura. Eu a amo quando acorda de manhã, sem querer falar com ninguém, e quando vai deitar tarde, tamanha insônia. Ou quando toma algumas dessas suas bebidas quentes, e me confessa querer ver o mar, tão longe. Me apaixono a cada foto infantil que nostalgia, ou intuição correta que segue. Pela sua mania em ser ímpar, e não formar nunca par.
Sabe o que é melhor nisso tudo? Eu completei esse nível sozinha. Ela também se alucina e derrete com meus erros e defeitos, com minha ansiedade constrangedora, e arrogância calada. E é nessa reciprocidade benfazeja que eu me amo e me completo cada vez mais, orgulhosa das escolhas que fiz, e de todo lugar que pisei, decisões que tomei. Gosto do meu pé largo, das minhas coxas grossas, e cada vez mais do meu cabelo loiro. Do meu coração imenso, da minha amansidade em palavras, da minha pressa corajosa de seguir em frente. De toda essa fé que tem me tomado conta, e me feito valente. De ser como sou, e não me negar em nenhuma circunstância. Hoje eu sei que me amo, e sabe do que mais: além de me retribuir, me recompenso. Sempre mais, e mais. Até aparecer alguém que me faça conciliar todo esse amor concreto que é real, e valorizá-lo ao invés de jogá-lo num canto qualquer. E que com um amor também sólido e absorto em hombridade, seja corajoso o suficiente para aguentar essa minha loucura doidivana de me gostar demais para depois gostar de qualquer outra pessoa.

(Camila Paier)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Estado Civil: Desinteressada.

E daí que eu sou só falta de interesse em tudo que não me atiça os olhos, ou palpita as veias. Abnego toda e qualquer coisa que não me dignifique como realmente me sinto: no topo, inatingível. Hoje eu é que me sinto mais madura e tão mulher pra mais da metade, ou praticamente todos, os caras que passaram na minha vida. Só me deixo sair da linha pelo que for maravilhoso, singular, diferenciado. Ou valer muito a pena. Deixo meu coração trancafiado às sete chaves, porque para chegar até o cerne, até o limite onde hoje ele se encontra denso e escondido, será uma verdadeira prova de fogo que quem se queima cai fora - onde faltava capacidade, me sobra agora indiferença. Sem vidas a mais, sete, cinco; apenas essa única com a qual viemos à Terra e não há data marcada para o fim. Tudo porque minha preocupação em ser altruísta é tão leve e companheira da minha própria presença, que minha vontade é muito mais de seduzir e cair fora, do que simplesmente tentar ver em todo e qualquer homem alguma coisa boa que me faça prestar atenção com mais destreza e sensibilidade. Não vale a pena, eu penso. Me cansa inteira ficar desenrolando alguma paixão onde já se fecharam portas - ou há janelas que nunca penso em deixar abertas - e ouvir de todo mundo que as pessoas mudam, e merecem chances, e que só irei saber realmente onde dá, se tentar. Quando na realidade, sei que se ocupamos nosso tempo tentando fazer com que qualquer sentimento desponte por quem não nos completa, nem nos faz pensar furtivamente em alguma hora do dia, seja no caminho pra casa, ou naquele cartaz de filme exposto em frente à locadora, não vale a pena. Isento qualquer preocupação previsível de futuro. E curto, tento aproveitar ao máximo. Rio, e danço, sem pensar nem no amanhã e nem em dia nenhum, querendo apenas que o hoje me faça deitar na cama e pensar: foda-se todo esse mundo, eu me diverti. As pessoas que se preocupem consigo mesmas e suas felicidades irreais, ilusórias. Não foi a isso que me fizeram acatar? Inscrita no desapego way of life, desbanco oportunidades, e esbanjo despreocupação por aí. Incrivelmente, isso atrai.
Agora são os outros que esperam essas minhas ligações que não ocorrerão, e respostas de perguntas que detesto e deixo no ar, tudo porque já fui por demais pisoteada, e se num dia somos caçador, a glória de ser caça e fugir pra longe, correr veloz, chega também. Nenhum apego, isenção de afetos. Sem mais pensamentos depressivos em músicas suaves, ou vontades incontroláveis de ligar para o que um dia fez total sentido. E o melhor: ver que esse lado da moeda (ou proposta temporária de vida) pode ser algo altamente interessante. E benéfico. Que funciona muito melhor ao ego do que fazer as unhas na sexta-feira ou comprar um par de sapatos. Ou cortar o cabelo, ou escutar cinco cantadas por quarteirão percorrido. Quando você está por cima, você realmente se sente poderosa e feminina, meio como aquelas mulheres escorregadias dos filmes em preto e branco, década de cinquenta, que amam quem não devem e fazem sofrer aqueles que insistem em tentar mergulhar em algo que os afogará. Capaz de sair de táxis em movimento, e atravessar a rua com um sorriso na face, em fuga. Sem se sentir vadia, ou promíscua, apenas uma lady que se preocupa apenas em manter a vida ocupada, e a mente leve, sã. Que vai vivendo, e vendo no que dá, enquanto nada a faça novamente suar as mãos, ou manifestar os tão antigos e apegados sentimentos de ansiedade frequente. Uma menina que arranca e larga flores pelo caminho, deixadas ao chão, ou em árvores aleatórias, até o encontro do girassol que a faça envolver o mundo, e desprender toda sua majestosa atenção. E que valha a pena, na mesma medida altamente real que ela também vale.


(Camila Paier)